Hoje acordei assim… sedenta de palavras que teimam em querer escapar-me… Porque tem a escrita que ser tão inconstante quanto a vida? Será porque teimamos em fazer-nos reflectir em cada letra e tecer cada frase ao sabor daquilo que sentimos no momento? Talvez… porque a escrita também é uma forma de libertação… porque quando escrevo de certa forma incorporo a personagem principal dando-lhe uma forma e dimensões que vão muito além da textura do papel em que verto a tinta negra com que crio as palavras… E dou-me a mim própria a oportunidade de me tornar bem melhor do que aquilo que me vejo… Traço, com um pouco de imaginação e algum desvelo, os contornos do que poderia ser caso não insistisse em ser tão igual a mim mesma… E dou-me a oportunidade de sonhar... e de dançar com graciosidade apesar da falta de jeito… e de escrever belas histórias com ou sem inspiração… e a de ousar ter um pouco mais de frontalidade e um pouco mais de coragem… E, uma vez findos esses devaneios… esses passeios furtivos por realidades feitas de papel… olho o meu trabalho com esperança de que seja um daqueles de que poderei orgulhar-me a cada vez que o leia… Porque alguns ensaios são especiais mas não consigo alcançá-los todos os dias… E talvez seja melhor assim… Ou não saberia dar valor às diferenças e às conquistas a que por vezes me entrego… E naquelas raras ocasiões em que me encontro aprendo a dar também a mim própria um pouco mais de valor… porque por vezes também nos escondemos no silêncio das nossas indefinições e as palavras ousam querer arrancar-nos impressões e segredos que insistíamos em ocultar de nós mesmos… porque temos medo de ter esperança… e medo de chocar os outros… porque temos medo de admitir que algo tem poder sobre nós… e que pode magoar-nos ao mudar-nos a vida… porque arriscar requer coragem… e as palavras… essas parecem-nos inofensivas… delineadas em finas folhas de papel… tão frágeis na sua existência fugaz… tão fáceis de suprimir depois… E tornam-se mais do que amigas ou confidentes… mais do que fugas… mais do que escudos de medo… tornam-se um espelho em que já não temos medo de ver-nos reflectidos porque bem lá no fundo, embora possam ser nossas… também são de todos os outros… e de ninguém…
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8 comments:
Moonpoet,
As palavras, assim como a lua, têm suas fases: quando está cheia - falamos ou escrevemos muito. Mas quando se ausenta, nos deixa mudas, em contemplação. Além de possuir duas fases de transição.
Mas afinal a gente se inspira na lua ou é a lua nos move?
Acho que o bom da vida é curtir cada fase em sua plenitude.
Beijos,
Carol
De todos... de ninguém... Ou seja: universais e livres! Pensa nisto.
Olá Moonpoet!
Adorei este nome...a Lua e as estrelas são mesmo irmãs dos poetas!!
A escrita é uma necessidade, uma forma de libertarmos as palavras presas na alma...é a forma bela de nos deixarmos levar nas asas do sonho e almejar pelo infinito.
A escrita é a tela que pintamos com as cores dos versos, com as tonalidades do nosso sentimento. Abençoados os que conseguem este prodígio e levar o sol a tantos corações...
Gostei do teu sentir...
Um abraço de brisa marinha
Sereia Azul*
Achei excelente a tua reflexão sobre a escrita, sobre as palavras.
"...porque por vezes também nos escondemos no silêncio das nossas indefinições e as palavras ousam querer arrancar-nos impressões e segredos que insistíamos em ocultar de nós mesmos…"
É isso mesmo, por mais que queiramos, as palavras acabam por levar a melhor, ainda que nem sempre na totalidade.
Bom fim-de-semana.
Beijos.
Olá Cris! =) As palavras... conseguimos transformá-las num sonho mesmo quando sentimos uma tormenta dentro de nós; conseguimos encontrar a nossa própria forma meio metafórica e única de nos exprimirmos sem que seja demasiado óbvio para os outros aquilo que está contido cá dentro... as palavras e os sentimentos são nossos, mas tornam-se universais e próprios para cada pessoa que lê... deixam de ser as nossas palavras para serem as dos outros, para não serem de ninguém... enfim... a mim, ajuda-me... liberta-me... e permite-me soltar algo para o mundo, para os outros mesmo que não o faça para ninguém. :-) Gosto do teu refresso. Mil beijos cheios de força**
A ana do post anterior (www.wicahpis.blogs.sapo.pt) Beijos ;-)
So tenho uma coisa a dizer... kero mais!!!!
São nestas alturas, nestas horas em que as palavras pedem para ser escritas que somos bem mais naturais, que escrevemos para além de palavras, sentimentos e são esses que mais contam, certo?
Gostei muito de aqui passar, foi uma agradável surpresa :)
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